FLÁVIO CAMPOS - Professor e pesquisador da Mercer University - Georgia - EUA, na Faculdade de Educação na área de Educação e Computação. Pesquisador visitante da Escola de Educação da Universidade de Standford, com Pós-doutorado pela mesma Instituição. Doutor em Educação Currículo pela PUC-SP (2011) e Doutorado em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2009). Atuou como Professor da Pós-Graduação em Tecnologias na aprendizagem e Inovação da PUC-SP. É membro da Congnitive Science Society (CSS), da International association for the advancement of Curriculum Studies (IAACS) e membro da Federation of International Sports Association (FIRA), mais antiga competição de robôs. Atuou como Consultor Pedagógico do SENAC-SP entre 2010 e 2022, trabalhando no desenvolvimento de cursos de Graduação e Pós-Graduação, principalmente no desenho de competências profissionais. Atua e realiza pesquisas desde 2003 com projetos de tecnologia, educação e currículo, principalmente sobre ensino de engenharia, robótica e computação física para a Educação básica. Tem 10 anos de experiência na gestão escolar como Diretor pedagógico.
CIEPP - Professor você publicou um livro de introdução sobre a robótica educacional. Uma das referências mais importantes para quem está começando nessa área. O que lhe levou a produzir esse livro? Agradeço pelas palavras sobre a importância do livro. Desde os últimos anos da Pedagogia quando fiz um curso de análise de software educacional percebi o gosto pela tecnologia na educação, e daí em diante fui aprendendo e vivenciando na escola projetos relacionados a tecnologia e principalmente a robótica. Esse envolvimento com materiais de robótica desde o mestrado em 2004 que defendi sobre um projeto de currículo em escola básica de São Paulo me fizeram aprofundar e desenvolver materiais pedagógicos, currículos e outros durante 20 anos, por isso decidi colocar no papel um pouco dessa experiência para ajudar qualquer pessoa que queira desenvolver projetos que envolvam robótica e programação na educação CIEPP - A robótica educacional cresceu bastante nos últimos anos no Brasil, evidência disso são as competições estudantis, as mostras nacionais, os projetos escolares e a criação de disciplinas no currículo da educação básica. Você pensa que a robótica é só uma moda passageira?
Você tem razão sobre esse crescimento. Se pensarmos que os primeiros usos da robótica são de meados de 1970, século passado, então temos um início considerável. A questão é que a tecnologia a época e até meados dos anos 2000 era restrita a poucas escolas e não tínhamos materiais de baixo custo como hoje, os quais tem impulsionado ainda mais a democratização da robótica em escolas públicas e privadas. E penso que ela, sim, permanecerá firme nos currículos e agora com a inteligência artificial ganhará mais holofotes no cenário educacional, inclusive por conta de políticas públicas sobre computação nas escolas, as competições como mencionado, mostras dentre outros. CIEPP - O CIEPP criou o Prêmio de Robótica Educacional que homenageia Seymour Papert e Paulo Freire, dois intelectuais cujo diálogo você analise em outro livro. Qual a importância de termos premiações desse tipo?
É de fundamental importância e eu parabenizo pela iniciativa. Poder reconhecer ações inovadoras de escolas e professores no uso da robótica só traz benefícios e estimula inclusive a perspectiva de conhecer mais esses intelectuais que são fundamentais para pensar a robótica em sala de aula. CIEPP - Sabemos que você tem contribuído com a construção de bases curriculares no campo das tecnologias. O Brasil perdeu a janela de oportunidade ou ainda temos chance?
Eu acredito que temos tempo, embora muitos países de todos os cantos do planeta tem currículos de tecnologia na Educação básica há muito tempo. Hoje temos o adendo a BNCC sobre as aprendizagens essenciais da computação, e que envolve conhecimentos e habilidades também aplicadas a robótica. Assim, penso que esse momento é o melhor para poder explorar as potencialidades dessa tecnologia e proporcionar aos estudantes acesso e envolvimento com projetos de robótica. CIEPP - Qual a agenda para possíveis políticas públicas que apoiem a robótica educacional nas escolas? Entendo que temos duas perspectivas fundamentais: Entregar tecnologias de baixo custo as escolas para que em breve todas nossas escolas tenham recursos de robótica para utilizar no processo de ensino-aprendizagem, e a outra é formar o professor tanto na questão técnica quanto na questão pedagógica, pois não é apenas ensinar a usar um material de robótica, mas pensar em seus desdobramentos pedagógicos na aprendizagem.
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